O Que Causa Cisto Tireoglosso?

O cisto tireoglosso tem origem no útero materno, durante a gestação. Na quarta semana da gravidez inicia-se o desenvolvimento da glândula tireoide na base da língua, local que chamamos de assoalho da faringe.

Já formada, na sétima semana gestacional, a tireoide inicia seu deslocamento para a parte frontal do pescoço do embrião e nesse caminho se forma o ducto ou trato tireoglosso, uma estrutura de canal que conecta a área onde a tireoide foi desenvolvida originalmente à sua posição final.

O cisto tireoglosso ocorre quando esse ducto não involui naturalmente e some, e o seu tecido que não foi reabsorvido pelo organismo dá origem a essa alteração congênita.

Fatores de Risco para Cisto Tireoglosso

Como não se sabe exatamente as causas dessa malformação congênita ainda não é possível determinar fatores de risco, entretanto, pesquisas indicam uma maior incidência em pessoas do sexo feminino.

Normalmente o cisto manifesta após alguma infecção de vias aéreas altas (gripes, resfriados, crises alérgicas). Nessa situação o tecido linfonodal (de defesa) da base da língua (papilas valadas) fica mais evidente e obstrui a drenagem no conteúdo do cisto através do forame cego lingual, e o cisto cresce.

Cisto Tireoglosso é Câncer?

Na maioria dos casos o cisto tireoglosso é uma malformação benigna, mas em raríssimos casos, cerca de 1% dos pacientes ele pode dar origem a neoplasias malignas como o carcinoma papilífero (80% dos casos), variante folicular do papilar da tireoide (8%), carcinoma de células escamosas (CEC, 6%) ou adenocarcinoma, carcinoma anaplásico e folicular da tireoide (6%).

A ocorrência de câncer de CDT pode surgir em qualquer idade, mas pesquisas indicam a média etária dos 39 anos, para todas as variações de carcinoma, e dos 54 anos, para o carcinoma de células escamosas.

Há suspeita de câncer quando a lesão fica enrijecida (dura), fixa (não se move ao engolir ou movimentar a língua), com a forma irregular ou sofre alguma modificação rapidamente. Embora essas características sejam indícios importantes, é difícil diferenciar CDTs benignos de malignos apenas por achados clínicos.

Até mesmo exames complementares como a tomografia computadorizada e a ultrassonografia, bem como a punção aspirativa por agulha fina (PAAF) nem sempre são precisos para diagnostico o câncer de CDT, sendo a maioria dos casos malignos confirmado apenas por exame histológico do tecido retirado, após a cirurgia do cisto tireoglosso.

Por essa razão, o tratamento precoce é fundamental. Se perceber a formação de uma bolinha no pescoço, ou caso você já tenha o diagnóstico de cisto tireoglosso e notou alguma alteração, procure um médico especialista para prevenir inflamações e, principalmente, a evolução do câncer.

Quando Operar Cisto Tireoglosso?

O ideal é realizar a cirurgia de remoção do cisto tireoglosso logo após o seu diagnóstico, se as suas condições clínicas do paciente permitirem.

Uma dúvida frequente dos pais é se bebês e crianças pequenas diagnosticadas podem operar o cisto tireoglosso. A resposta é sim, com os avanços da anestesiologia pediátrica, suas tecnologias, monitores e medicações, é possível e mais seguro realizar procedimentos cirúrgicos. É necessário realizar a avaliação pré-anestésica para planejamento individualizado, visando minimizar riscos e prever os cuidados com a criança.

Como É Feita a Cirurgia do Cisto do Ducto Tireoglosso?

A cirurgia do cisto tireoglosso é um procedimento seguro, onde é feita a excisão do cisto juntamente com a porção média do osso hioide (o único osso localizado na frente do pescoço) e uma parte do músculo que contém o remanescente ducto tireoglosso (técnica denominada Sistrunk). Essas outras estruturas precisam ser retiradas em conjunto por questão embriológica, por haver resquícios celulares e se não removidas, aumentar o risco de recidivas.

Em casos de malignidade, para quadros de baixo risco (carcinoma in situ, sem invasão das paredes do cisto) a cirurgia do cisto tireoglosso é realizada pelo mesmo procedimento Sistrunk.

Em casos mais avançados são feitas excisões mais amplas, como a tireoidectomia parcial ou total, quando há o acometimento da glândula tireoide, laringectomia total ou esvaziamento cervical (retirada dos linfonodos do pescoço), quando há metástase a distância. A ressecção completa do tumor muitas vezes promove a cura, mas o tratamento cirúrgico do câncer de CDT pode ser complementado com radioterapia e será necessário fazer o acompanhamento periódico pelos anos seguintes.

Mas é importante ressaltar que o câncer de cisto tireoglosso é uma doença raríssima e muitas vezes o achado é incidental, em razão de operar outro tumor como o de laringe por exemplo, e então encontrar um cisto que está invadido pela doença primária.