Tratamento de Câncer de Boca
O Que É Câncer de Boca?
O câncer de boca, também denominado câncer de cavidade oral, é uma doença maligna que acomete a estrutura da boca: os lábios e seu revestimento interior, os dentes, as gengivas, as bochechas (mucosa oral), a língua, o assoalho e o céu da boca (palato).
O câncer bucal representa 3% dos casos de câncer no mundo, considerando-se todos os tipos de câncer, e segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) estima-se que até 2030 surjam 27 milhões de novos casos.
O Brasil ocupa a 3ª posição do ranking de países com maior incidência de câncer de boca e orofaringe* com cerca de 15 mil casos por ano, conforme dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer).
*A região da orofaringe é a parte da garganta que fica atrás da boca, composta pela base da língua, o palato mole, as amígdalas, e a garganta. Como os tumores da orofaringe possuem um comportamento distinto dos que se desenvolvem na boca, abordaremos esse assunto na página câncer de orofaringe
Um fato preocupante em nosso país é o de apenas 10% dos tumores de boca serem descobertos em fase inicial. A taxa de mortalidade por câncer de cavidade oral é alta no Brasil, pois a maioria dos casos é diagnosticada em estágio avançado da doença, impossibilitando o êxito do tratamento.
Causas do Câncer de Boca
Embora ainda não exista consenso sobre sua causa, o câncer de boca está associado à anormalidade funcional das células da cavidade oral, que ocorre quando mutações de DNA provocam sua multiplicação de forma rápida e desordenada, levando à formação de tumores.
Os “oncogenes”, responsáveis pela divisão celular, são os genes que possuem instruções de controle do crescimento e divisão das nossas células. Também temos em nosso DNA genes encarregados de retardar essa divisão ou levar as células à morte, conhecidos como “genes supressores de tumor”.
A principal linha teórica sobre a causa do câncer defende que alterações no DNA modificam o comportamento dos oncogenes ou inutilizam os genes supressores do tumor, levando o crescimento celular a um estado de desequilíbrio.
Pesquisas indicam que a maior parte dos casos está correlacionado a fatores externos, à predisposição genética (hereditariedade) e principalmente ao estilo de vida dos pacientes, que aumentam o risco para desenvolver a doença.
É Possível Prevenir o Câncer de Boca?
Como a causa do câncer ainda não é totalmente compreendida, as formas de prevenção do câncer de boca são evitar a exposição a agentes potencialmente cancerígenos e adotar um estilo de vida saudável:
- Não fumar;
- Evitar o consumo de álcool;
- Manter a boa higiene bucal;
- Visitar o dentista anualmente;
- Usar camisinha nas relações sexuais;
- Vacinar-se contra HPV;
- Usar protetor solar diariamente (lábios);
- Alimentação balanceada e rica em vegetais;
- Prática regular de exercícios físicos;
- Manter o peso dentro da normalidade.
Fatores de Risco para o Câncer de Boca
A exposição a agentes químicos cancerígenos, tabagismo e etilismo (principalmente quando associados) podem levar a alterações do DNA dos genes que controlam o processo de crescimento e divisão das células na cavidade oral.
Assim, pessoas que tiveram contato ou exposição prolongada a esses agentes, fumantes e pessoas que fazem uso excessivo, periódico ou permanente de álcool tem maior predisposição a manifestar neoplasias malignas (segundo a OMS 90% dos casos estão ligados ao álcool e ao fumo).
A má higiene oral também é um fator que pode aumentar em até quatro vezes o risco da doença, pois gera inflamações que liberam substâncias nocivas para o organismo (como a nitrosamina) e altera a microbiota (conjunto de micro-organismos que habitam a boca) criando um ambiente propício ao desenvolvimento de tumores.
Neoplasias malignas na cavidade oral também podem surgir em decorrência de fatores mecânicos que geram irritação crônica da mucosa como trauma de repetição de mordedura e próteses mal adaptadas; ou lesões térmicas do calor da bituca de cigarro, cachimbo, fumaça de charuto e do canudo metálico de bebidas quentes como chimarrão.
Quando o revestimento da boca é danificado, há um estímulo para que as células se dividam com maior velocidade para promover a cicatrização, e esse processo aumenta as chances de erros genéticos que podem levar à malignização celular.
O excesso de exposição solar (aos raios UVA e UVB) sem proteção nos lábios também é um fator de risco considerável para o câncer de boca, com prevalência em pessoas do sexo masculino e pele branca.
De modo geral, estudos apontam para uma maior incidência do câncer de boca em indivíduos do sexo masculino, comparativamente ao sexo feminino, e em faixas etárias após os 50 anos de idade.
O câncer de boca também está associado à infecção por HPV (do inglês Papilomavírus Humano), especialmente o do tipo 16 e 18, nesses casos, costuma aparecer 7 anos mais cedo (faixa dos 43 anos de idade) em um perfil de pacientes com comportamento diferente. Com o aumento do HPV entre a população jovem, é fundamental reforçar a importância do uso de preservativo, pois o sexo oral sem proteção é a principal forma de contrair o vírus, sendo este o fator mais comum para os cânceres de orofaringe.
Sintomas de Câncer de Boca
Os principais sinais e sintomas de câncer de boca são:
- Feridas ou aftas que podem ou não doer, com ou sem sangramento, e que não cicatrizam em 15 dias e apresentam crescimento;
- Placas espessas ou manchas brancas (leucoplasia);
- Placas ou manchas avermelhadas (eritroplasia);
- Mudança de coloração ou do aspecto da boca;
- Inchaço ou sensibilidade em qualquer parte da boca;
- Sensação de dormência, formigamento ou queimação;
- Massa ou nódulo (caroço) na boca, lábios garganta ou pescoço;
- Dificuldade para abrir a boca ou movimentar a língua;
- Dificuldade para engolir;
- Dor ou sensação de algo preso na garganta;
- Dificuldade na fala;
- Dentes amolecidos;
- Mal hálito persistente;
- Dor de ouvido sem perda da audição.
Os sinais do câncer de boca são difíceis de serem percebidos pelo paciente, pois em estágio inicial, a maioria dos casos não provoca dor ou desconforto.
Por isso é importante realizar o autoexame periodicamente, assim pode-se evitar a descoberta da doença em fases mais avançadas.
Mas a observação individual não dispensa a avaliação e análise pelo médico, com o auxílio de técnicas e equipamentos especiais, uma vez que esses mesmos sintomas também podem ser causados por outras condições clínicas.
Caso você note que algum desses sinais persiste por mais de duas semanas, é recomendável marcar uma consulta com um médico especialista em cabeça e pescoço.
Lembre-se que a avaliação de um profissional qualificado é imprescindível para o diagnóstico correto e precoce pois, quanto antes identificado, maiores são as chances de cura do câncer de boca.
Como Detectar o Câncer de Boca?
O principal método para detectar o câncer de boca é a avaliação clínica realizada por um médico ou dentista. Quando a lesão se encontra na cavidade oral, o médico poderá fazer um exame físico, com ajuda de uso câmeras ou lentes e luzes, que possibilitam uma análise detalhada da área acometida.
A análise costuma ser complementada por exames de imagem como a tomografia computadorizada, ressonância magnética, panendoscopia ou até PET-CT Scan, para avaliar as características como a localização e a extensão da lesão.
Se ao final dessa avaliação houver a suspeita de malignidade, dúvida diagnostica, potencial evolução ou crescimento, pode ser indicado procedimento de retirada cirúrgica parcial (biopsia incisional) ou por completo do tumor (biopsia excisional), com a realização de punção aspirativa por agulha fina (PAAF) ou agulha grossa (core biopsy) e/ou biópsia ou punch (exame de um fragmento da lesão). Lembrando que qualquer tecido retirado de qualquer parte do nosso corpo SEMPRE deve ser submetido a análise, ou seja, exame anatomopatológico para saber sua origem e se há anormalidades ou não.
Toda Ferida, Mancha ou Nódulo na Boca É Câncer?
Não. Existem diversos tipos de lesões bucais que podem alterar o aspecto da cavidade oral, formar tumores ou nodulações e apresentar sintomas como inchaço e vermelhidão, entre outros, mas a maioria dessas condições é benigna.
Alguns exemplos de condições benignas (fotos acima) são:
- Mucocele (cisto com retenção de muco);
- Torus palatino ou mandibular;
- Rânula;
- Melanose;
- Candidíase oral;
- Fibroma por irritação (trauma crônico);
- Verruga oral.
Um fator determinante para acender o sinal de alerta para o câncer de boca é o tempo de duração dos sintomas, por isso, caso você note que uma ferida, mancha ou caroço anormal surgiu na boca, língua, garganta ou pescoço e persiste por mais de 15 dias, é recomendável marcar uma consulta com um médico especialista em cabeça e pescoço.
Somente o médico poderá diagnosticar corretamente qual é a causa da lesão e, como o câncer de boca é uma doença com rápida evolução, é importante que isso seja feito o mais cedo possível. O diagnóstico precoce permite que o tratamento seja menos agressivo, com melhor resultado e maiores chances de cura.
Tipos de Câncer de Boca
Os principais tumores malignos de cavidade oral são:
Carcinoma de Células Escamosas
O carcinoma de células escamosas (CEC), que também é denominado carcinoma epidermóide ou espinocelular, é a neoplasia maligna de maior incidência na boca (90% dos casos). Ela se forma inicialmente nas células planas do epitélio (superfície da mucosa oral) e é um tipo tumor menos invasivo do que os que se desenvolvem em camadas mais profundas da cavidade oral. Acomete predominantemente os indivíduos do sexo masculino dos 50 aos 80 anos de idade.
Quando o câncer oral está correlacionado ao HPV (infecção pelo papilomavírus humano) a maioria dos tumores é do tipo carcinoma de células escamosas, mas o perfil epidemiológico de pacientes acometido é diferente, pois acomete principalmente pessoas mais jovens, sem o histórico de tabagismo e etilismo.
Carcinoma Verrucoso
O carcinoma verrucoso é um tipo mais incomum de câncer oral, cujo tumor que cresce lentamente e é menos agressivo, pois tem mais capacidade de expandir do que infiltrar, raramente gerando metástase (disseminação para outras partes do corpo). A maioria dos casos, possui bom prognóstico.
Carcinoma de Glândulas Salivares
Os tumores de glândulas salivares possuem tipos muito diferenciados e representam um parcela significativa dos cânceres de cavidade oral. Saiba mais na página câncer de glândulas salivares.
Câncer de Boca Tem Cura?
Sim, o câncer de boca é totalmente tratável e curável, desde que o diagnóstico seja precoce e o tratamento iniciado rapidamente. Quando detectado em fase inicial (quando não existem sinais de doença disseminada) e tratado adequadamente, a chances de cura do câncer de boca são de 80%.
Tratamento do Câncer de Boca
O médico que avaliará o estágio da doença e fará a indicação do tratamento ideal é o Cirurgião de Cabeça e Pescoço, levando em conta o estudo da lesão através dos exames de imagem, assim como a análise dos riscos e benefícios do procedimento.
O tratamento do câncer de boca é realizado principalmente através da cirurgia de ressecção do tumor, tanto para lesões menores como maiores, realizada em hospital e com anestesia geral. O objetivo da cirurgia é retirar a área lesionada e mais uma margem de segurança no seu entorno, garantindo que todas as células malignas sejam removidas.
O tipo de técnica cirúrgica adotada dependerá das características do tumor, sua localização e extensão. Para proteção do paciente durante o procedimento cirúrgico da cavidade oral pode ser necessário realizar a traqueostomia e/ou uso de sondas alimentares.
Nos casos mais complexos ou quando a cirurgia não é possível ou pode trazer sequelas funcionais importantes para a qualidade de vida do paciente, o tratamento pode ser realizado com radioterapia, quimioterapia, terapia alvo, imunoterapia ou uma combinação entre esses métodos.
O diagnóstico precoce possibilitará um tratamento com melhor resultado, uma vez que tumores descobertos em fases mais avançadas implicarão em tratamentos mais invasivos e que podem gerar sequela.
Quais São os Riscos da Cirurgia de Câncer de Boca?
Toda cirurgia oferece riscos como infecção de sítio cirúrgico, dor, inchaço, sangramento e dificuldade de cicatrização, entre outros.
No caso específico da cirurgia de câncer de boca, as principais complicações ocorrem nos casos de remoção de tumores mais avançados, que pode ocasionar dificuldades para falar, engolir e respirar.
Quando existe o acometimento regional, ou seja, o tumor se expandiu para áreas vizinhas à lesão original, também pode ser indicada a retirada de estruturas ósseas de maneira parcial ou total da mandíbula e/ou maxila, e a retirada dos linfonodos do pescoço (procedimento conhecido como esvaziamento cervical) ou o estudo dos mesmos por linfonodo sentinela.
A depender da área implicada pela lesão e sua extensão, a cirurgia de câncer de boca pode requerer algum tipo de reconstrução das estruturas da cavidade oral, semelhante a uma cirurgia plástica, ou mesmo a realização do procedimento com equipes em conjunto, de maneira multidisciplinar.
É importante ressaltar que o cirurgião de cabeça e pescoço sempre fará o planejamento da cirurgia, visando gerar a menor sequela possível, pois o objetivo do tratamento é a cura e também a manutenção da qualidade de vida do paciente, com reabilitação funcional e estética.
Como É o Pós-Operatório da Cirurgia de Câncer de Boca?
Os cuidados e o tempo de recuperação no pós-operatório da cirurgia de câncer de boca variam de acordo com o local da lesão extraída e a extensão da cirurgia.
Cirurgias de tumores menores, como os detectados em estágio inicial, por exemplo, tem uma reabilitação mais rápida, dentro de 1 semana os pacientes já podem retomar a alimentação normal e rotina.
Em alguns casos será importante o acompanhamento posterior com uma equipe de profissionais multidisciplinar, sob orientação do cirurgião de cabeça e pescoço, como fonoaudiólogo, nutricionista, fisioterapeuta, dentista, radioterapeuta, oncologista e cirurgião plástico.
É imprescindível que o paciente siga todas as recomendações do cirurgião para o sucesso da cirurgia e uma melhor recuperação.
Qual o Valor da Cirurgia de Câncer de Boca?
O valor da cirurgia de câncer de boca pode variar de acordo com a indicação, equipe médica que realizará o procedimento e a escolha do hospital onde será realizada, materiais necessários, devendo ser informada ao paciente pelo cirurgião que o atenderá durante a consulta médica.
Em geral, os convênios médicos possuem cobertura para esse procedimento e ele também pode ser realizado mediante reembolso do plano de saúde, ou acordos particulares.
Para agendar uma consulta e obter informações sobre quanto custa uma cirurgia de câncer de boca particular ou, se deseja saber quais são os planos de saúde e hospitais atendidos pela Dra. Christiana Vanni, por favor entre em contato com nosso atendimento.
Texto escrito por:
Dra. Christiana VanniMédica e Cirurgiã de Cabeça e Pescoço
Especialista em Câncer de Boca
CRM/SP 120.060 - RQE 31.305
A Dra. Christiana Vanni é médica Especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço e tratamentos oncológicos pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), pós graduada em Cirurgia Robótica de Cabeça e Pescoço pelo Hospital Israelita Albert Einstein, possui título de Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Atendimento particular nos consultórios da Vila Mariana e Itaim Bibi e também na modalidade on-line, para pacientes em todo o Brasil e exterior. Credenciada nos melhores hospitais de São Paulo/SP, com ampla atuação na cidade.
Saiba mais sobre a Dra. Christiana Vanni
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0015992915263064
Doctoralia: https://www.doctoralia.com.br/christiana-vanni
Linkedin: @drachristianavanni
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