Tratamento do Câncer de Laringe
Câncer de Laringe
Antes de falar sobre o câncer de laringe é importante conhecer esse órgão, sua função e os principais problemas que podem afetá-lo.
A laringe é um órgão pequeno e de formato cônico do sistema respiratório, que participa da fala e alimentação, localizado na área superior do pescoço, região que chamamos popularmente de garganta, conectando a base da língua à traqueia.
Formada por músculos, cartilagens, membranas e ligamentos, essa estrutura tem importante atuação na respiração, fonação e deglutição.
A laringe é constituída pela epiglote (válvula que controla a passagem de ar, localizada no final da base da língua), supraglote (parte superior), glote (área intermediária) e subglote (parte inferior), sendo que na glote ficam as pregas vocais, que vibram com a passagem do ar, produzindo o som ao falarmos. Essa estrutura também abrange a cartilagem tireóidea (pomo de adão) e o osso hioideo, entre outros tecidos.
A laringe também é responsável por permitir a passagem do ar para a traqueia, impedindo a entrada de partículas nas vias aéreas, protegendo os pulmões da entrada de alimentos e líquidos.
A laringe pode ser alvo de infecções conhecidas como laringite (que podem causar alteração da voz), por isso é fundamental consultar um médico especialista para ter o diagnóstico correto de enfermidades, diferenciando patologias mais simples de outras que possam ser graves, como o câncer.
Por ter mesma origem embriológica e estar anatomicamente próxima a outras estruturas importantes como as do aparelho mastigatório e do aparelho digestivo, doenças graves da laringe devem ser detectadas e tratadas o quanto antes, minimizando tanto os problemas no órgão em si como também nessas estruturas adjacentes a ele, que promovem grande impacto na qualidade funcional do organismo e de vida para o paciente.
O que é o Câncer de Laringe?
O câncer de laringe merece uma atenção especial, pois é considerado o segundo tipo mais frequente dentre os cânceres de cabeça e pescoço, correspondendo a 25% das ocorrências.
Segundo o relatório “Estimativa 2020: Incidência de Câncer no Brasil”, do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a quantidade de novos casos de câncer de laringe estimados no Brasil por ano é de 6.470 em homens e de 1.180 em mulheres, com um risco estimado de 6,20 casos novos para cada 100 mil homens e de 1,06 casos novos pra cada 100 mil mulheres.
A doença está associada ao crescimento de tumores, popularmente chamados de 'caroços' ou nódulos malignos, à alteração da forma e com isso da função do órgão, acometendo principalmente a glote (60% de incidência), região das pregas vocais.
Causas do Câncer de Laringe
Embora ainda não exista consenso sobre sua causa, o câncer de laringe está associado à anormalidade funcional das células dos seus tecidos, que ocorre quando mutações de DNA das células provocam sua multiplicação de forma rápida e desordenada, levando à formação do tumor.
Os “oncogenes”, responsáveis pela divisão celular, são os genes que possuem instruções de controle do crescimento e divisão das nossas células. Também temos em nosso DNA genes encarregados de retardar essa divisão ou levar as células à morte, conhecidos como “genes supressores de tumor”. A principal linha teórica sobre a causa do câncer defende que alterações no DNA modificam o comportamento dos oncogenes ou inutilizam os genes supressores do tumor, levando o crescimento celular a um estado de desequilíbrio.
Fatores de Risco para o Câncer de Laringe
De modo geral, estudos apontam para uma maior incidência do câncer de laringe em indivíduos do sexo masculino, comparativamente ao sexo feminino, e em pessoas de pele negra, comparativamente às de pele branca, em faixas etárias acima dos 50 anos de idade.
O tabagismo (de todos os tipos, incluindo cigarros eletrônicos como o vape ou o pod, fumo de corda, cachimbo, charuto, narguilé, maconha e similares) e o consumo excessivo de álcool são os principais fatores de risco para o câncer de laringe. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) pessoas que fumam têm 10 vezes mais chance de desenvolver a doença, e quando associado ao consumo de bebidas alcoólicas, esse risco aumenta para 40 vezes, comparado a pessoas que não possuem esses hábitos.
Outros fatores de risco são o refluxo gastroesofágico crônico, condição que gera lesão inflamatória na mucosa, pacientes com laringite crônica hipertrófica (quando há o crescimento do órgão acima do normal) e deficiências dietéticas, que possam gerar alterações na imunidade que favoreçam a carcinogênese. O consumo excessivo de substâncias quentes ou com conservantes podem propiciar degeneração celular e displasia da região.
O câncer de laringe também está associado à infecção por HPV (do inglês Papilomavírus Humano), especialmente o do tipo 16 e 18, nesses casos, costuma aparecer 7 anos mais cedo (faixa dos 43 anos de idade) em um perfil de pacientes com comportamento diferente.
Com o aumento do HPV entre a população jovem, é fundamental reforçar a importância do uso de preservativo, pois o sexo oral sem proteção é a principal forma de contrair o vírus, sendo este o fator mais comum para os cânceres de laringe e orofaringe. Tanto a falta de higiene íntima como bucal aumentam muito as chances de transmissão do HPV e consequentemente, o aumento dos casos desse tipo de câncer.
É possível prevenir o Câncer de Laringe?
Como a causa do câncer ainda não é totalmente compreendida, as formas de prevenção do câncer de laringe são: evitar a exposição a agentes potencialmente cancerígenos, adotando um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e rica em vegetais, prática regular de exercícios físicos, manter o peso dentro da normalidade, não fumar, evitar o consumo de álcool, manter a boa higiene íntima e bucal, visitar o dentista anualmente, usar camisinha nas relações sexuais, vacinar-se contra o HPV e tratar casos de refluxo.
Para tirar suas dúvidas diretamente com a Dra. Christiana, por favor entre em contato com nosso atendimento.
Sintomas de Câncer de Laringe
Os sinais e sintomas do câncer de laringe variam de acordo com a localização do tumor, mas podemos dizer que suas principais características são:
- Rouquidão progressiva
- Alteração na voz
- Sensação de algo preso na garganta
- Dor contínua na garganta
- Massa ou nódulo (caroço) na garganta ou pescoço principalmente
- Dificuldade para engolir, progressiva para sólidos, líquidos, refluxo nasal
- Dificuldade para respirar, barulho na respiração, piora ao decúbito (ao deitar)
- Fraqueza, queda do estado geral, cansaço, emagrecimento
Os sintomas iniciais do câncer de laringe são difíceis de serem percebidos pelo paciente pois, a maioria dos casos não provoca dor ou desconforto. Além disso esses mesmos sintomas também podem ser causados por outras condições clínicas. Por isso é importante agir prontamente ao perceber qualquer alteração diferente ao usual na região da cabeça e pescoço e que perdure mais de duas semanas.
Caso você note que algum desses sinais persiste por mais de duas semanas agende uma consulta com um médico especialista em cabeça e pescoço. Lembre-se que a avaliação de um profissional qualificado é imprescindível para o diagnóstico correto e precoce pois, quanto antes identificado, maiores são as chances de cura do câncer de laringe.
Todo nódulo na garganta é cancerígeno?
Não, nem todo nódulo, ou “caroço”, que surja na garganta é um tumor maligno. Também podem se desenvolver nódulos benignos ou displasias decorrentes de quadros infecciosos e até contratura muscular, entre outros.
Conheça as principais condições benignas que podem surgir e constituem diagnósticos diferenciais para lesões de laringe:
Papilomatose
Lesões de natureza epitelial, ou seja, que se desenvolve nos revestimentos dos tecidos, de aspecto verrucoso, com forma séssil (com a base alargada) ou pediculada (presa por uma haste de fixação, semelhante a um cogumelo), que podem ocorrer de modo único ou múltiplo e geralmente são recorrentes. Embora esta seja uma condição benigna, é necessário tratar, pois o papiloma laríngeo pode levar à insuficiência respiratória por obstrução das vias aéreas.
Papiloma invertido
Uma massa de tecido anormal (neoplasia) de natureza epitelial, nasossinusal e geralmente unilateral, que pode crescer e oferecer diferentes riscos. Sua causa não é clara, mas estudos indicam que pode estar associado à sinusite crônica, quadros alérgicos, pólipos nasais e à contaminação pelo Papiloma Vírus Humano (HPV).
Calos
São nódulos que acometem as pregas vocais, principalmente pelo mal uso ou uso em excesso da voz, com maior incidência na população feminina (por sua anatomia). Os calos nas pregas vocais podem causar rouquidão, tosse seca constante, irritação na garganta, alteração da voz ou dificuldade de falar.
Vasculite
Inflamações nas paredes dos vasos sanguíneos, que podem gerar acumulo de células no interior dos vasos e consequentemente o seu estreitamento (estenose), obstruindo a passagem do sangue, o que pode levar à falência de órgãos/tecidos que deveriam ser irrigados por esses vasos.
Vasculodisgenesia
Doença de origem congênita, considerada uma alteração estrutural mínima, caracterizada pela malformação de pequenos vasos sanguíneos sobre as pregas vocais, que podem causar alteração da voz ou dificuldade de falar.
Fenda laríngea
Uma anomalia congênita rara, caracterizada por criar um desvio na comunicação entre a laringe e a faringe, que oferece maior risco quanto maior for o tamanho da fenda.
Câncer de laringe tem cura?
Sim, o câncer de laringe é totalmente curável quando diagnosticado precocemente e com tratamento adequado iniciado rapidamente.
Caso você note que algum sintoma ou sinal que persiste por mais de 15 dias é recomendável marcar uma consulta com um médico especialista em cabeça e pescoço, ou otorrinolaringologista. Lembre-se que a avaliação de um profissional qualificado é imprescindível para o diagnóstico correto e precoce pois, quanto antes identificado, maiores são as chances de cura do câncer de laringe.
Como detectar o Câncer de Laringe?
Os métodos para detectar o câncer de laringe são a avaliação clínica realizada pelo médico, exames de endoscopia como a nasofibroscopia, laringoscopia, telelaringoscopia e estrobovídeolaringoscopia, laringoscopia indireta como a micro cirurgia de laringe e outros exames de imagem como a tomografia computadorizada, ressonância magnética de laringe e a ultrassonografia.
Se ao final dessa avaliação houver a suspeita de malignidade, dúvida diagnostica, potencial evolução ou crescimento, será necessário realizar a biópsia, isto é, a coleta de fragmentos da lesão para exame histopatológico. É fundamental ter a confirmação do diagnóstico de câncer antes de iniciar qualquer tipo de tratamento, pois a laringe é uma região que também está susceptível ao acometimento de tumores benignos entre outras patologias diferenciais.
Tipos de Câncer de Laringe
Os carcinomas são os tumores malignos mais frequentes na garganta. De natureza epitelial, eles se estabelecem nos revestimentos dos tecidos, e podem ser do tipo espinocelular, também denominado carcinoma de células escamosas (CEC) ou epidermóide, que representa mais de 90% dos casos de câncer laríngeo. O carcinoma verrucoso é um outro tipo de carcinoma que também pode acometer a laringe, porém bem menos frequente que o CEC.
Também podem se desenvolver na laringe os sarcomas, tumores que acometem os tecidos moles como músculos, gorduras e tendões; os linfomas, tumores que acometem o tecido linfático e as metástases, tumores provenientes de uma lesão primária (inicial), que migram por via sanguínea ou linfática, se instalando e crescendo em outro órgão.
Qual é o tratamento para o câncer de laringe?
O tratamento pode variar conforme o estadiamento do tumor, sua localização e condições clínicas do paciente, tendo em vista a preservação funcional da laringe, sempre que possível.
O principal procedimento para o tratamento do câncer laríngeo é cirurgico, para ressecção do tumor, procedimento conhecido como laringectomia, que apresenta diversas modalidades e acessos, e pode ser realizado de forma parcial, nos casos de tumores menores, ou total, para casos avançados. Vamos conhecer as principais variações?
Para alguns tipos de lesões benignas e malignas na supra glote, é possível realizar a mesma remoção do tumor com tecnologia robótica de forma menos invasiva que a cirurgia convencional, por via intra oral, com visão ampliada e sem cortes externos que deixem cicatriz aparente, procedimento denominado Cirurgia Robótica Transoral - TORS (Transoral Robotic Surgery). Saiba como funciona a Cirurgia Robótica.
Os tumores na glote podem ser removidos pelas técnicas de Micro Cirurgia de laringe (um tipo de laringoscopia indireta) ou Laser (ressecção endoscópica), que tem a vantagem de não requerer traqueostomia (medida de proteção para garantir a boa oxigenação do paciente durante o procedimento), evita a necessidade de sonda para alimentação enteral e possui menor tempo de internação, comparativamente à cirurgia convencional.
Tumores localizados na infra glote são retirados tradicionalmente por via aberta, mediante técnica de Laringectomia convencional.
Quando é necessário retirar toda a laringe, será preciso fazer traqueostomia definitiva, para possibilitar a respiração, por essa razão é importante ponderar bem sobre a técnica que será utilizada, priorizando se possível a radioterapia e/ou quimioterapia para preservar o órgão.
Da mesma forma, tanto na laringectomia total como nos casos em que é necessário retirar as pregas vocais, o paciente deve ser reabilitado para falar de outras maneiras, sendo as principais formas:
- Voz esofágica ou esofagiana: técnica que usa a vibração do ar no esôfago, juntamente ao movimento dos lábios e da língua como uma nova voz, para produzir os sons.
- Prótese vocal ou fonatória: dispositivo de silicone inserido entre o esôfago e a traqueia, que possibilita direcionar o ar e ao alimentos de forma correta, além de restituir a capacidade fonatória.
- Laringe eletrônica ou eletrolaringe: aparelho portátil que emite ondas sonoras com voz robótica, formando as palavras a partir dos movimentos da língua, lábios e dentes. Atualmente possui voz modulada para homens e mulheres e ajuste de timbre.
Será preciso complementar a Laringectomia com outros tipos de tratamento?
Após a cirurgia pode ser indicada a complementação com radioterapia localizada ou outros tratamentos oncológicos, como quimioterapia ou imunoterapia.
Quando existe o acometimento locoregional, ou seja, o tumor se expandiu para áreas vizinhas à lesão original ou a depender da localização e tamanho, também pode ser indicada a retirada dos linfonodos do pescoço (procedimento conhecido como esvaziamento cervical).
Quais os riscos do Tratamento do Câncer de Laringe?
Os principais problemas que a cirurgia parcial ou total da laringe, somada a outros procedimentos como radioterapia e quimioterapia podem gerar são o comprometimento da fala, alteração da voz e dificuldades na deglutição.
Outras sequelas e consequências são: a alteração da anatomia da região, com perda de órgão e consequente perda da função. Até cicatrizar, a depender do tipo de cirurgia pode ser necessário adotar vias de alimentação (sonda nasogástrica ou enteral ou gastrostomia) e respiratória (traqueostomia e traqueostomia) alternativas, além de reabilitação com fonoaudiólogo entre outros métodos.
Outras complicações cirúrgicas da laringectomia são dor no pós operatório, sangramento, febre, edema pulmonar, infecção de sítio cirúrgico, ou seja, riscos inerentes aos procedimentos cirúrgicos desse tipo e à anestesia geral.
Que médicos fazem Cirurgia da Laringe?
O médico indicado para fazer a laringectomia é o Cirurgião Especialista em Cabeça e Pescoço.
Onde fazer Tratamento de Câncer de Laringe em São Paulo?
A maioria dos hospitais na cidade de São Paulo - SP possuem estrutura adequada para realizar procedimentos de laringectomia e tratamentos oncológicos.
Entre em contato com nosso atendimento por telefone ou whatsapp para saber onde a Dra. Christiana realiza o tratamento para câncer de laringe em São Paulo - SP.
Texto escrito por:
Dra. Christiana VanniMédica e Cirurgiã de Cabeça e Pescoço
Cirurgia Robótica, Reconstrução e Tratamentos Oncológicos
CRM/SP 120.060 - RQE 31.305
A Dra. Christiana Vanni é médica Especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço e tratamentos oncológicos pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), pós graduada em Cirurgia Robótica de Cabeça e Pescoço pelo Hospital Israelita Albert Einstein, possui título de Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Atendimento particular nos consultórios da Vila Mariana e Itaim Bibi e também na modalidade on-line, para pacientes em todo o Brasil e exterior. Credenciada nos melhores hospitais de São Paulo/SP, com ampla atuação na cidade.
Saiba mais sobre a Dra. Christiana Vanni
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0015992915263064
Doctoralia: https://www.doctoralia.com.br/christiana-vanni
Linkedin: @drachristianavanni
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