Tratamento de Câncer nas Glândulas Salivares
Glândulas salivares maiores
Câncer de Glândulas Salivares
Antes de falar sobre câncer de glândulas salivares é importante conhecer essas glândulas, suas funções e os principais problemas que podem afetá-la.
O Que São as Glândulas Salivares?
Glândulas são estruturas formadas por tecido epitelial glandular, um agrupamento de células cujo principal papel é produzir e lançar substâncias no corpo para desempenhar importantes funções.
Dentre os três tipos de glândulas humanas (exócrinas, endócrinas e mistas), as salivares são do tipo exócrinas, ou seja, fazem parte daquelas que produzem secreção e liberam-nas através de canais ou ductos para cavidades de superfícies livres, ou luz de órgãos ou para fora do corpo.
Elas estão localizadas na região da cabeça e pescoço, sendo divididas em glândulas salivares maiores e as glândulas salivares menores.
Tipos de Glândulas Salivares Maiores
Dentre as glândulas salivares maiores, existem 3 tipos que são distribuídos em pares:
Glândulas Parótidas
As parótidas são glândulas salivares principais maiores, possuem tamanho maior do que as demais e se encontram logo abaixo e à frente das orelhas, de ambos os lados da face. Secretam saliva mais serosa através das bochechas para dentro da boca na altura do segundo molar.
Glândulas Submandibulares
Posicionadas na parte interna da mandíbula, em ambos os lados da face, as glândulas submandibulares possuem formato em U, aproximadamente metade do tamanho da parótida (semelhante ao tamanho de uma noz) e liberam a saliva sob a língua, produzem uma saliva mais mucinosa, entretanto mista.
Glândulas Sublinguais
As glândulas sublinguais se localizam abaixo do assoalho da boca, nas duas laterais embaixo da língua. São as menores das glândulas salivares principais maiores e secretam saliva sob a língua.
Além delas, as glândulas salivares menores são constituídas por em torno de 600 a 1.000 pequenas glândulas independentes, que são estruturas invisíveis a olho nu espalhadas por toda a cavidade oral, sua mucosa e submucosa. As glândulas salivares menores estão presentes no palato (céu da boca), na língua, bochechas, lábios, nariz, seios paranasais e laringe até o começo do esôfago e traqueia.
Qual o papel das Glândulas Salivares no organismo?
As glândulas salivares são anexas ao sistema digestivo e responsáveis pela produção e secreção da saliva. Diz-se que digestão dos alimentos começa na boca, pois a saliva é constituída de enzimas que facilitam esse processo, além de realizar outras funções como lubrificar a boca e a garganta, evitando o ressecamento, e de conter anticorpos entre outros componentes que auxiliam na prevenção de infecções.
O Que É Câncer nas Glândulas Salivares?
O câncer das glândulas salivares é uma doença rara, que equivale a apenas 1% dos tumores de cabeça e pescoço, com ocorrência aproximada de 1,5 casos para cada 100.000. Esse tipo de câncer é representado por um grupo diversificado de tumores malignos, que possuem características comportamentais distintas.
Estudos indicam que de 67,7% a 84% dos tumores que se formam estão nas glândulas parótidas, enquanto 10% a 23% são gerados nas submandibulares e os demais casos na glândula sublingual e nas glândulas salivares menores.
Embora a maioria das neoplasias de glândulas salivares se originem na glândula parótida, a maioria dos tumores que acomete essa glândula é benigna, enquanto aproximadamente 50% dos tumores das glândulas submandibulares são malignos e os de glândulas menores sejam em sua maioria malignos, apesar de extremamente raros.
O câncer de glândula salivar é muito incomum em crianças, sendo prevalecente em adultos (95% dos casos).
Causas do Câncer nas Glândulas Salivares
Embora ainda não exista consenso sobre sua causa, o câncer de glândulas salivares está associado à anormalidade funcional das células do tecido epitelial glandular, que ocorre quando mutações de DNA das células produtoras de saliva ou dos seus canais de drenagem provocam sua multiplicação de forma rápida e desordenada, levando à formação do tumor.
Os “oncogenes”, responsáveis pela divisão celular, são os genes que possuem instruções de controle do crescimento e divisão das nossas células. Também temos em nosso DNA genes encarregados de retardar essa divisão ou levar as células à morte, conhecidos como “genes supressores de tumor”. A principal linha teórica sobre a causa do câncer defende que alterações no DNA modificam o comportamento dos oncogenes ou inutilizam os genes supressores do tumor, levando o crescimento celular a um estado de desequilíbrio.
Fatores de Risco para o Câncer nas Glândulas Salivares
Sabe-se que a exposição à radiação e a agentes químicos cancerígenos, tabagismo e etilismo podem levar a alterações do DNA dos genes que controlam o processo de crescimento e divisão celular. Assim, pessoas que tiveram contato ou exposição prolongada a esses agentes, bem como fumantes ou pessoas que fazem o consumo excessivo, periódico ou permanente de álcool seriam mais suscetíveis a manifestar a doença.
Alguns achados de pesquisas sugerem que a aspiração de metais ou minerais em pó, como liga de níquel e pó de sílica, podem aumentar o risco de desenvolver câncer de glândulas salivares, mas o fato de ser um tipo de doença rara, com pouca representatividade de casos, dificulta chegar a análises conclusivas.
Estudos apontam ainda para uma maior incidência deste tipo de câncer em indivíduos do sexo masculino, comparativamente ao sexo feminino, e dentre o grupo feminino há maior susceptibilidade de ocorrência em mulheres negras.
É Possível Prevenir o Câncer de Glândula Salivar?
Como a causa da maior parte dos casos de câncer de glândulas salivares é ainda não é totalmente compreendida, a única forma de prevenção é evitar a exposição à radiação e a agentes químicos potencialmente cancerígenos.
Sintomas de Câncer nas Glândulas Salivares
Os principais sinais e sintomas de câncer nas glândulas salivares são:
- Aparecimento de massa ou nódulo (caroço) no rosto, pescoço ou boca;
- Dor localizada no rosto ou nos ouvidos;
- Sensação de dormência, formigamento ou queimação no rosto;
- Paralisia do nervo facial;
- Inchaço do rosto e pescoço (diferença de tamanho ou forma de um lado comparativamente ao lado contralateral);
- Abaulamento do lobo da orelha;
- Perda do contorno do ângulo da mandíbula;
- Alteração da saliva;
- Dificuldade para abrir a boca;
- Dificuldade para engolir;
- Fraqueza nos músculos do rosto;
- Presença de secreção nos ouvidos.
Os sintomas de câncer de glândula salivar podem ser percebidos pelo paciente através de um autoexame, mas a observação individual não dispensa a avaliação e análise pelo médico, com o auxílio de técnicas e equipamentos especiais, uma vez que esses mesmos sintomas também podem ser causados por outras condições clínicas, como por exemplo a parotidite (inflamação da glândula parótida - veja fotos abaixo).
Caso você note que algum desses sinais persiste por mais de 15 dias é recomendável marcar uma consulta com um médico especialista em cabeça e pescoço, otorrinolaringologista, clínico geral ou dentista. Lembre-se que a avaliação de um profissional qualificado é imprescindível para o diagnóstico correto e precoce pois, quanto antes identificado, maiores são as chances de cura do câncer de glândulas salivares.
Como Detectar o Câncer nas Glândulas Salivares?
O principal método para detectar o câncer de glândulas salivares é a avaliação clínica realizada pelo médico. Quando a lesão se encontra na cavidade oral, o médico poderá fazer um exame físico, com ajuda de uso de óculos especiais (lupa), que possibilitam uma análise detalhada da área acometida.
A análise costuma ser complementada por exames de imagem como a ultrassonografia, tomografia computadorizada e a ressonância magnética, para avaliar as características como a localização e a extensão da lesão.
Se ao final dessa avaliação houver a suspeita de malignidade ou dúvida diagnostica ou potencial evolução ou crescimento, pode ser indicado procedimento de retirada cirúrgica parcial ou por completo do tumor, com a realização de punção aspirativa por agulha fina (PAAF) e/ou biópsia, que pode ser realizada pelo método de congelação para garantir margem cirúrgica (quantidade de tecido normal em torno do tumor removido cirurgicamente). Lembrando que qualquer tecido retirado de qualquer parte do nosso corpo SEMPRE deve ser submetido a análise, ou seja, exame anatomopatológico para saber sua origem e se há anormalidades ou não.
Todo Nódulo nas Glândulas Salivares É Câncer?
Não, cerca de 75% das neoplasias de glândulas salivares são benignas. Além disso em outras situações, como infecções ou formação de cálculo salivar, a função das glândulas pode ser afetada gerando dor e inchaço.
Caso você note algum caroço no rosto ou pescoço que persiste por mais de 15 dias, é recomendável marcar uma consulta com um médico especialista em cabeça e pescoço.
Quais São os Tipos de Tumores das Glândulas Salivares?
Os principais tipos de tumores benignos de glândulas salivares são:
Adenoma Pleomórfico
Esse é o tipo de tumor benigno mais frequente, que representa 2/3 de tumores da parótida e o mais recorrente nas demais glândulas salivares. É muito comum sua recidiva, principalmente se houver ruptura da cápsula durante a ressecção ou por falha técnica ou erro diagnóstico.
A transformação dessa neoplasia em maligna é rara, mas sua incidência aumenta com a duração do tumor ao longo dos anos. O tratamento adequado é imprescindível, pois quando aparecem, são um dos tipos mais agressivos de câncer de glândulas salivares.
Tumor de Warthin
É segundo tipo de tumor benigno mais comum nas parótidas, também denominado cistoadenoma papilar linfomatoso.
Tumor de Warthin surge majoritariamente em pacientes do sexo masculino entre os 60 e 80 anos de idade, com aumento de casos no sexo feminino (associado ao aumento de tabagistas).
Há casos de malignização e metástase à distância causadas por esse tumor descritas na literatura médica, mas sabe-se que raramente ocorrem.
Oncocitoma
Oncocitoma é uma neoplasia de glândula salivar que ocorre em menor frequência (1% dos casos em glândulas salivares) e predominante na glândula parótida, muitas vezes de forma bilateral, em pacientes após os 60 anos de idade. Embora seja benigno, esse tipo de tumor pode ter potencial destrutivo, por isso existe indicação cirúrgica para a sua remoção.
Adenoma Monomórfico
Adenoma Monomórfico é a denominação que caracteriza muitos tipos de tumores raros de glândulas salivares, sendo mais frequente o adenoma de células basais, seguido de outros tipos como o adenoma rico em glicogênio, adenoma de células claras e o adenoma sebáceo (ou linfadenoma sebáceo). Esses tumores costumam ser assintomáticos, crescer lentamente e geralmente estão localizados na parótida. Não existe registro de casos de malignidade.
Quais São os Tipos de Câncer nas Glândulas Salivares?
Os principais tumores malignos de glândulas salivares são:
Carcinoma Mucoepidermóide
Tipo de neoplasia maligna mais frequente na parótida (15% dos tumores de parótida) e o segundo mais comum na glândula submandibular.
Carcinoma Adenoide Cístico
Segundo tipo de neoplasia maligna mais encontrada nas glândulas salivares. Não existe perfil de maior incidência associada a sexo ou raça, porém costuma ser identificado aos 45 anos.
Carcinoma de Células Acinosas
É uma neoplasia de baixo grau (com baixo potencial de malignidade?) correspondente a 1% de todos os tumores das glândulas salivares e presente principalmente na glândula parótida.
Carcinoma Epitelial-Mioepitelial
É uma neoplasia de baixo grau também correspondente a 1% de todos os tumores das glândulas salivares e com baixo risco de gerar metástases.
Adenocarcinoma Polimórfico de Baixo Grau
Tumor mais comumente encontrado nas glândulas salivares menores, com localização no palato (céu da boca), mucosa oral e lábio superior. Surgem majoritariamente após os 60 anos de idade.
Adenocarcinoma
O adenocarcinoma surge em geral nas glândulas salivares menores ou seguido pela parótida. Corresponde a 15% das dos tumores malignos de parótida e possui comportamento agressivo, com potencial para recorrer e gerar metástase.
Carcinoma de Células Escamosas (CEC)
Também conhecido como carcinoma espinocelular primário, este é um tipo de câncer de glândula salivar muito raro.
Sarcoma
Sarcomas, Rabdomiossarcoma ou Fibrossarcoma são tumores incomuns que surgem na maioria dos casos na glândula parótida, em pacientes do sexo masculino e são caracterizados como massas grandes e indolores muito agressivas.
Linfoma
Esse é um tipo de neoplasia do sistema de defesa do organismo que pode se manifestar nos linfonodos que estão presentes na camada superficial das glândulas salivares parótida e submandibular.
Câncer nas Glândulas Salivares Tem Cura?
Sim, o câncer de glândulas salivares é totalmente tratável e curável, desde que o diagnóstico seja precoce e o tratamento iniciado rapidamente.
Como Funciona o Tratamento do Câncer nas Glândulas Salivares?
O tratamento do câncer de glândulas salivares é realizado principalmente através de cirurgia, para ressecção parcial ou total da glândula e retirada total do tumor. Há casos em que o tratamento pode ser complementado com radioterapia, quimioterapia ou uma combinação entre esses métodos. A escolha do tipo de tratamento deve ser avaliada com cautela por um médico experiente levando em conta os riscos e benefícios do procedimento.
Quais São os Riscos da Cirurgia de Glândulas Salivares?
Toda cirurgia oferece riscos como infecção de sítio cirúrgico, dor, inchaço, sangramento e dificuldade de cicatrização, entre outros. No caso específico da cirurgia de glândulas salivares, existe a possibilidade de complicações da parótida e paralisia do nervo facial.
Complicações da cirurgia de câncer de glândulas salivares
A preservação do nervo facial é primordial, para que o paciente não perca o controle dos músculos faciais do lado da cirurgia. Tendo isso em vista, para oferecer maior proteção ao paciente durante a realização do procedimento, o cirurgião utiliza o “sistema de monitorização do nervo”, que permite monitorar visualmente as estruturas neurais da face, para eliminar ou minimizar o risco de lesão.
Que Médicos Tratam o Câncer de Glândulas Salivares?
O médico indicado para fazer a cirurgia de câncer de glândulas salivares é o Cirurgião Especialista em Cabeça e Pescoço. Como esses profissionais têm profundo conhecimento da anatomia e aspectos fisiológicos dessa parte do corpo humano, estão aptos a realizar o procedimento com todo o cuidado necessário à preservação dos nervos, músculos e vasos sanguíneos da face e do pescoço, assim como para reconstruir tecidos e agir em situação de intercorrência, se necessário.
Onde Fazer Cirurgia de Câncer de Glândulas Salivares?
A maioria dos hospitais na cidade de São Paulo possuem estrutura adequada para realizar a cirurgia de câncer de glândulas salivares e tratamentos oncológicos.
Qual o Valor da Cirurgia de Câncer nas Glândulas Salivares?
O valor da cirurgia de glândulas salivares pode variar de acordo com a indicação, equipe médica que realizará o procedimento e a escolha do hospital onde será realizada, materiais necessários, devendo ser informada ao paciente pelo cirurgião que o atenderá durante a consulta médica.
Em geral, os convênios médicos possuem cobertura para esse procedimento e ele também pode ser realizado mediante reembolso do plano de saúde, ou acordos particulares.
Para agendar uma consulta e obter informações sobre quanto custa uma cirurgia de glândulas salivares particular por favor entre em contato com nosso atendimento.
Texto escrito por:
Dra. Christiana VanniMédica e Cirurgiã de Cabeça e Pescoço
Especialista em Câncer de Glândulas Salivares
CRM/SP 120.060 - RQE 31.305
A Dra. Christiana Vanni é médica Especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço e tratamentos oncológicos pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), pós graduada em Cirurgia Robótica de Cabeça e Pescoço pelo Hospital Israelita Albert Einstein, possui título de Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Atendimento particular nos consultórios da Vila Mariana e Itaim Bibi e também na modalidade on-line, para pacientes em todo o Brasil e exterior. Credenciada nos melhores hospitais de São Paulo/SP, com ampla atuação na cidade.
Saiba mais sobre a Dra. Christiana Vanni
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0015992915263064
Doctoralia: https://www.doctoralia.com.br/christiana-vanni
Linkedin: @drachristianavanni
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