Lesões Bucais (Leucoplasia e Eritroplasia)
Foto de afta, um dos tipos mais comuns de lesões benignas
O Que São Lesões Bucais?
Lesões bucais são alterações morfológicas (na forma) que acometem a cavidade oral: os lábios e seu revestimento interior, os dentes, as gengivas, as bochechas (mucosa oral), a língua, o assoalho e o céu da boca (palato).
Caracterizadas por feridas, placas, bolhas, nódulos, manchas, vermelhidão e inchaços, associadas ou não à dor e ao sangramento, as lesões bucais podem ter origem infecciosa, autoimune, traumática, neoplásica, decorrer de reação medicamentosa, baixa imunidade, entre outros motivos.
A mais comum das lesões bucais é a afta, que pode ser causada por mordedura involuntária ao mastigar, próteses mal adaptadas, falhas dentarias, por gastrite ou pela ingestão de alimentos ácidos. Nas crianças, a herpes e o sapinho (candidíase) são predominantes.
O tratamento das lesões bucais varia de acordo com a causa, podendo nos casos mais simples ser feito com a retirada do fator causal, aplicação de pomadas, laser, raspagens e uso de medicamentos, no entanto, existem três tipos de lesão bucal que requerem uma ação clínica, de terapêutica e monitoramento: a leucoplasia, a eritroplasia e a eritroleucoplasia.
Vamos conhecer cada uma delas a seguir.
O Que É Leucoplasia?
Leucoplasia é um termo de origem grega, que significa λευχο (leuko – branco) e πλακοσ (plakos – placa) remetendo à aparência da lesão, que forma placas espessas (grossas ou duras) de cor branca ou acinzentada aderentes à mucosa superficial da cavidade oral ou faringe.
A leucoplasia é um tipo de lesão plana com potencial de malignização, cuja superfície pode ser lisa, rugosa ou verrucosa, sendo que cada textura está relacionada a um menor ou maior risco de se evoluir para a formação tumoral.
Por essa razão, além de sua prevalência ser relativamente alta na população, a leucoplasia oral é um dos tipos de lesão bucal que merece grande atenção no que diz respeito à ação preventiva do câncer de boca e câncer de orofaringe, constituindo um importante sinal que possibilita a identificação precoce da doença.
Causas da Leucoplasia
Sabe-se que a leucoplasia oral se forma por causa do espessamento da camada superficial de queratina da cavidade oral, entretanto, ela é uma doença denominada idiopática, ou seja, sem uma causa específica definida.
Pesquisas sugerem que a leucoplasia pode ocorrer em função da irritação crônica da mucosa oral, associada ao tabagismo, ao consumo de tabaco de mascar, etilismo (ingestão excessiva de álcool), à candidíase oral crônica, assim como traumas de origem mecânica, como próteses e dentaduras de tamanho errado ou mal colocadas, dentes mal posicionados ou quebrados que fiquem roçando na bochecha ou levem a mordidas repetidas e involuntárias da mucosa oral.
A leucoplasia pilosa, um tipo mais raro da doença, é causada por infecção viral. O vírus Epstein-Barr (EBV) é comum no organismo humano e não gera sintomas, por ser controlado pelo sistema imunológico. Quando o sistema imunológico está fragilizado, por causa de outras doenças e vírus como HIV por exemplo, esse vírus pode desenvolver sintomas levando à formação da leucoplasias.
Fatores de Risco para Leucoplasia
A leucoplasia pode se desenvolver em pacientes de todas as idades, mas tem maior incidência em indivíduos a partir dos 60 anos, de raça branca e do sexo feminino (associada a alterações hormonais desse gênero).
Existem fatores externos que estão relacionados ao seu surgimento ou que podem agravar lesões já existentes, como o fumo e o consumo crônico de bebidas alcoólicas.
Sintomas de Leucoplasias
A leucoplasia pode ser identificada visualmente por formar placas espessas esbranquiçadas ou acinzentadas na mucosa oral (não destacáveis), porém, é considerada uma condição assintomática, pois essas placas raramente causam dor, ardência ou desconforto.
A leucoplasia oral se instala de modo permanente na boca e, na maioria dos casos, de forma única, tópica, com aparência homogênea.
Existem quadros clínicos diversos que levam à formação de placas brancas na boca, principalmente sobre a língua, no entanto algo que as diferencia da leucoplasia é que esta não é removível à escovação dental ou à raspagem.
Nos casos de leucoplasia pilosa, as placas podem parecer ter pequenos pelos ou dobras e o local de maior incidência é a parte lateral da língua.
Toda Leucoplasia Bucal É Câncer?
Não, a maioria das leucoplasias são benignas e podem permanecer estáveis por muito tempo. Estima-se que aproximadamente 5% dos casos de leucoplasias evoluem para o câncer.
Há condições clínicas que sugerem maior suspeita da presença de malignidade na leucoplasia, como a identificação de pequenos pontos vermelhos sobre as placas, ou texturas heterogêneas com aspecto salpicado, nodular ou verrucoso.
Por ser uma lesão com potencial de malignização, qualquer placa ou ferida anormal na boca com tais características e que permaneça por mais de 15 dias, deve ser avaliada por um médico especialista para descartar outras doenças e tratar de forma adequada visando prevenir o câncer de boca.
Como Detectar Leucoplasia?
A leucoplasia é uma lesão silenciosa e por ser assintomática pode demorar para ser notada, sendo muitas vezes identificada em visitas de rotina ao dentista.
Ao analisar a lesão, é importante que o médico leve em consideração o histórico clínico do paciente e para a confirmação do diagnóstico está indicada a realização de biópsia.
Leucoplasia Tem Cura?
Sim, leucoplasias podem ser tratadas por um médico especialista.
A leucoplasia é um tipo de lesão que possui potencial de malignização, por isso, o diagnóstico cuidadoso para afastamento de suspeita de câncer, aliado ao tratamento adequado são essenciais para minimizar problemas.
Qual É o Tratamento para Leucoplasia?
A leucoplasia muitas vezes regride quando é cessado o contato com agentes agressores externos como o tabaco e o álcool, mas o tratamento indicado dependerá das características da lesão e suas causas, podendo ser medicamentoso ou cirúrgico.
Há situações em que o médico poderá indicar a aplicação de medicamentos de uso tópico, para aplicação direta sobre as placas, como ácido retinóico, corticoide ou laser.
Quando a leucoplasia oral tem origem viral, geralmente há prescrição de antivirais como valaciclovir ou fanciclovir.
Nos casos em que será acompanhada clinicamente, como existe a possibilidade de malignização de leucoplasias com o passar do tempo, é fundamental que o paciente faça o monitoramento de rotina, em geral 3 ou 4 vezes ao ano.
Por ser considerada uma lesão pré-maligna, a leucoplasia é um importante sinalizador dos estágios iniciais de câncer de boca e câncer de orofaringe, cujas chances de cura estão diretamente relacionadas com a descoberta e o tratamento precoce e adequado de tumores.
Quando existe suspeita de câncer, está indicada a realização de biópsia, com encaminhamento das amostras para análise anatomopatológica.
Conforme as condições de saúde do paciente e a situação da lesão o médico especialista poderá indicar a cirurgia para ressecção da leucoplasia.
Como Funciona a Cirurgia de Leucoplasia?
A leucoplasia é uma lesão bucal que não pode ser removida por raspagem. O procedimento cirúrgico para ressecção da leucoplasia pode ser o convencional, por eletrocauterização, criocirurgia (congelamento com nitrogênio líquido) ou com uso de lasers de alta potência.
Por melhor que seja o resultado da cirurgia, isso não eliminará totalmente a possibilidade de recidiva da leucoplasia ou do surgimento de câncer de boca futuramente, por isso é importante que o paciente siga todas as recomendações pós-operatórias e faça os check-ups da cavidade oral com a frequência sugerida pelo cirurgião.
O Que É Eritroplasia?
Eritroplasia é um termo de origem grega, que significa ερυθριώ (erythrós – vermelho) e πλακοσ (plakos – placa) em alusão à aparência da lesão, caracterizada por placas ou manchas vermelhas, aspecto aveludado, na mucosa superficial da cavidade oral e orofaringe, que clínica e patologicamente não podem ser qualificadas como outra condição.
A eritroplasia é uma doença rara e que requer muita atenção, pois é o tipo de lesão bucal com maior potencial de malignização (transformação em câncer). Assim, a avaliação de um médico especialista é fundamental para o diagnóstico e tratamento precoce da doença.
Causas da Eritroplasia
A eritroplasia oral é uma doença sem uma causa específica definida. Especialistas sugerem que a eritroplasia pode estar associada ao tabagismo, consumo de tabaco de mascar, etilismo (ingestão excessiva de álcool), uma saúde bucal inadequada, ao baixo consumo de vegetais, hipovitaminose ou desnutrição.
Fatores de Risco para Eritroplasia
Pesquisas indicam que a eritroplasia pode se desenvolver em pacientes de todas as idades, sexos e raças, mas ocorre predominantemente em pessoas entre os 40 anos e 60 anos, do sexo feminino, com peles negras ou pardas, sugestivas a alterações e exposições hormonais.
Existem fatores externos que estão relacionados ao seu surgimento ou que podem agravar lesões já existentes, como o fumo e o consumo crônico de bebidas alcoólicas.
Sintomas de Eritroplasia
A eritroplasia oral é uma lesão vermelha, com aparência de mancha ou placa com a forma predominantemente circular. Sua superfície pode ser plana ou fazer uma leve depressão na mucosa, com textura aveludada lisa ou levemente granular, diferentemente dos hemangiomas que a depressão tem sua colocação alterada, as eritroplasias não se alteram.
As manchas de eritroplasia raramente causam dor, ardência ou desconforto.
Toda Eritroplasia É Câncer?
Nem toda eritroplasia é câncer, mas como essa lesão possui um alto potencial de transformação maligna (14% a 50% de chance de evoluir para o câncer) a existência de carcinoma no local (in situ) é possível.
Por ser uma lesão com alto risco para malignização, qualquer placa ou ferida vermelha na boca que não cicatrize em 15 dias, deve ser avaliada por um médico especialista para descartar outras doenças e conduzir o tratamento de forma adequada, visando principalmente prevenir o câncer de boca.
Como Detectar Eritroplasia?
A eritroplasia é uma lesão silenciosa e por ser assintomática pode demorar para ser notada, sendo muitas vezes percebida visualmente pelo paciente através do autoexame preventivo ou em consulta com o dentista ou estomatologista.
Ao analisar a lesão, é importante que o médico leve em consideração o histórico clínico do paciente e para a confirmação do diagnóstico está indicada a realização de biópsia, com encaminhamento das amostras para análise anatomopatológica.
Eritroplasia Tem cura? Como Tratar?
Sim, mas é importante ressaltar que as chances de cura da eritroplasia estão relacionadas às características da lesão e suas causas, assim como diagnóstico precoce e tratamento adequado.
Como a eritroplasia é o tipo de lesão que possui o maior potencial para malignização na cavidade oral, levantando a suspeita de câncer e podendo evoluir para ele, o diagnóstico deve ser realizado o quanto antes para orientação adequada do paciente e seu acompanhamento.
Se constatada a inexistência de malignidade, a lesão pode ser monitorada através de avaliações clínicas do médico e realização de exames periódicos. A eritroplasia pode regredir quando é cessado o contato com agentes agressores externos como o tabaco e o álcool.
Mas até o momento não existe um tratamento que possa prevenir a transformação da lesão em câncer, por isso a remoção cirúrgica da eritroplasia é o procedimento mais adotado e recomendado pelo médico especialista em cabeça e pescoço para minimizar esse risco.
Quando o resultado da biópsia detectar a presença de células malignas, a cirurgia está indicada e as chances de cura estão diretamente relacionadas com a descoberta e o tratamento precoce do tumor. Nos casos em que as condições de saúde do paciente não permitam a excisão cirúrgica ou esta requeira alguma complementação, o médico poderá prescrever tratamento quimioterápico ou terapia alvo.
Como Funciona a Cirurgia de Eritroplasia?
O procedimento cirúrgico para eritroplasia pode ser o convencional (aberta, vídeo assistida ou por robótica), por eletrocauterização, criocirurgia ou com uso de lasers de alta potência. Sempre individualizando o melhor tratamento para cada paciente e necessidade específica.
Como existe a possibilidade de recidiva da lesão removida cirurgicamente, é importante que o paciente siga todas as recomendações e faça os check-ups da cavidade oral com a frequência recomendada pelo médico especialista.
O Que É Eritroleucoplasia?
A eritroleucoplasia é uma condição clínica da cavidade oral, onde existe o surgimento concomitante de placas brancas e vermelhas, caracterizando a presença leucoplásica e eritroplásica.
Os sintomas, causas e fatores de risco, chances de cura e tratamento são os mesmos de um desses dois tipos de lesão, abordados acima.
Para agendar uma consulta e obter mais informações sobre tratamento e cirurgia de lesões bucais por favor entre em contato com nosso atendimento.
Texto escrito por:
Dra. Christiana VanniMédica e Cirurgiã de Cabeça e Pescoço
Especialista em Leucoplasia e Eritroplasia
CRM/SP 120.060 - RQE 31.305
A Dra. Christiana Vanni é médica Especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço e tratamentos oncológicos pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), pós graduada em Cirurgia Robótica de Cabeça e Pescoço pelo Hospital Israelita Albert Einstein, possui título de Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Atendimento particular nos consultórios da Vila Mariana e Itaim Bibi e também na modalidade on-line, para pacientes em todo o Brasil e exterior. Credenciada nos melhores hospitais de São Paulo/SP, com ampla atuação na cidade.
Saiba mais sobre a Dra. Christiana Vanni
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0015992915263064
Doctoralia: https://www.doctoralia.com.br/christiana-vanni
Linkedin: @drachristianavanni
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