Cicatrizes em Procedimentos de Cabeça e Pescoço: Como evitar e melhorar a aparência?
Quando se trata de cirurgias na região da cabeça e pescoço, uma das maiores preocupações dos pacientes é a aparência das cicatrizes pós-operatórias. Será que ficarão visíveis? Como será a textura e o tamanho dessas marcas? Esse questionamento é especialmente relevante para procedimentos que tratam de nódulos na tireoide e paratireoide, cisto tireoglosso e tumores na face e pescoço, incluindo cânceres.
Entendendo essa preocupação dos pacientes, a Dra. Christiana Vanni, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, selecionou fotos de cicatrizes para ilustrar diferentes casos e explicar como cada técnica cirúrgica pode influenciar nas características visuais dessas cicatrizes. Descubra também, algumas dicas valiosas sobre cuidados pós-operatórios para maximizar a recuperação estética.
Por que temos cicatrizes?
A formação de cicatrizes é uma parte fundamental do processo natural de cura do corpo. Após uma lesão na pele, seja por um corte, queimadura ou uma cirurgia, o corpo inicia um processo complexo para reparar o tecido danificado.
Inicialmente, forma-se um coágulo para estancar o sangramento e proteger a área. Em seguida, células especializadas chamadas fibroblastos migram para o local, produzindo colágeno, uma proteína que forma a base do novo tecido de cicatrização. Esse tecido de cicatriz, que inicialmente aparece avermelhado e elevado, gradualmente muda de cor e textura à medida que amadurece.
Com o tempo, a cicatriz pode se tornar mais pálida e plana, embora a pele cicatrizada nunca recupere completamente as características e a funcionalidade do tecido original. Este processo de cicatrização é influenciado por diversos fatores, incluindo a extensão e profundidade da lesão, a localização no corpo, e as condições de saúde individuais, que podem afetar a forma como a cicatriz final se apresenta.
Tipos de Cicatriz
Cicatrizes podem variar em textura, cor e relevo. Algumas cicatrizes são planas e quase imperceptíveis, enquanto outras podem ser elevadas ou enrugadas. A cor pode também diferir do tom de pele circundante, ficando mais clara, mais escura ou até avermelhada.
O tamanho da cicatriz depende da extensão da lesão inicial ou do tamanho da incisão cirúrgica. Cirurgias mais invasivas tendem a deixar cicatrizes maiores, enquanto procedimentos minimamente invasivos são projetados para minimizar a cicatrização. A localização da incisão também pode influenciar o modo como a cicatriz evolui, pois áreas de maior movimento ou tensão podem levar a cicatrizes mais largas ou mais visíveis.
Quelóides
Queloides são um tipo de cicatriz elevada e expandida que se forma quando o processo de cicatrização se estende além dos limites originais da ferida. Esta não é uma condição normal, mas sim uma patologia, pois diferentemente das cicatrizes normais, os queloides podem continuar crescendo progressivamente, tornando-se maiores que a lesão inicial.
Queloides são mais comuns em pessoas de pele escura e podem aparecer em qualquer parte do corpo, embora sejam frequentes em áreas de tensão da pele, como ombros, peito, ouvidos e pescoço. Os queloides são muitas vezes mais firmes ao toque, de coloração rosa a vermelha, e podem ser acompanhados por coceira ou dor.
Cicatrizes Hipertróficas
As cicatrizes hipertróficas, por outro lado, são também cicatrizes elevadas, mas diferentemente dos queloides, elas não ultrapassam os limites da ferida original. Tendem a se desenvolver logo após a lesão e podem melhorar com o tempo. As cicatrizes hipertróficas são mais comuns após queimaduras ou traumas e geralmente ficam confinadas à área da lesão inicial. Elas podem ser vermelhas, rígidas e desconfortáveis, mas geralmente melhoram em aparência e textura após alguns meses.
Tipos de Procedimentos Cirúrgicos e Suas Cicatrizes
Cirurgia por Via Aberta
Tradicionalmente usada para tratar nódulos de tireoide e paratireoide, cistos tireoglossos e tumores na região da cabeça e pescoço, a cirurgia por via aberta permite acesso direto ao local afetado. Esta técnica envolve incisões que podem ser maiores e mais visíveis, dependendo da localização da lesão que será ressecada.
Embora o tamanho e a visibilidade da cicatriz possam variar significativamente, muitas cicatrizes seguem as linhas naturais da expressão facial e tornam-se menos perceptíveis com o tempo e cuidados adequados. Em alguns casos, podem desenvolver queloides ou cicatrizes hipertróficas, mas a maioria se integra bem com as características da pele, especialmente quando tratadas corretamente.
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Localização da Cicatriz: Varia de acordo com a lesão tratada e o tipo específico de cirurgia realizada.
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Aspecto da Cicatriz: O tamanho pode variar de pequeno a médio, geralmente apresentando uma linha reta, como é comum em cirurgias de tireoide, ou em formato de "taça" para procedimentos de remoção de linfonodos cervicais. Estrategicamente, essas incisões são posicionadas ao longo das linhas de tensão naturais da pele, que futuramente podem coincidir com o desenvolvimento de rugas ou pregas.
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Estética: A cicatriz geralmente é mais visível nos primeiros três meses, dependendo da extensão e localização, e com o tempo, ela começa a desaparecer ou se tornar menos perceptível.
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Risco de Queloides: Presente, principalmente em indivíduos com predisposição genética e antecedente.
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Cor da Cicatriz: Pode escurecer dependendo da exposição ao sol e tipo de pele.
Para minimizar a visibilidade das cicatrizes após procedimentos cirúrgicos, os cirurgiões geralmente optam por fazer a incisão em uma dobra natural da pele. Essa técnica estratégica permite que a cicatriz se camufle dentro das linhas naturais do corpo, tornando-a menos perceptível após a cura.
Cirurgia Robótica por Acesso Retroauricular
Este método minimamente invasivo, conhecido como TORS (Transoral Robotic Surgery), é particularmente benéfico para tratar tanto doenças benignas quanto malignas em áreas de difícil acesso ou menos visíveis. Realizado sem necessidade de incisões externas, a Cirurgia Robótica por Acesso Retroauricular utiliza incisões atrás da orelha para minimizar a visibilidade das cicatrizes, oferecendo uma abordagem estética vantajosa para tratamentos na região da cabeça e pescoço.
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cirurgia robótica por acesso retroauricular
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cirurgia robótica por acesso retroauricular
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cirurgia robótica por acesso retroauricular
A cicatriz resultante deste procedimento, é semelhante ao do lifting facial, pois fica escondida sob a linha do cabelo.
Essa técnica é muito utilizada para cirurgias de retirada de linfonodos em casos oncológicos, também conhecida como "esvaziamento cervical", além de lesões nas laterais do pescoço. A abordagem robótica permite uma precisão cirúrgica aumentada, resultando em menos danos aos tecidos adjacentes e, consequentemente, em cicatrizes menos perceptíveis.
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Localização da Cicatriz: Escondida atrás da orelha, na linha do cabelo.
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Aspecto da Cicatriz: Grande.
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Estética: Boa, pode ficar alargada com o tempo
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Risco de Queloides: Baixo.
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Cor da Cicatriz: Tende a ser semelhante ao tom de pele circundante, com menor risco de alterações pela exposição solar.
Também podem ser utilizados adesivos cirúrgicos para aproximar as bordas da incisão. Esses adesivos reduzem a necessidade de suturas externas, promovendo uma cicatrização mais estética.
Cirurgia por Acesso Vestibular (por dentro da boca)
Indicada para tratamentos de tireoide, cisto tireoglosso, tumores de paratireoide e alguns tumores menores, esta técnica realiza a cirurgia por meio de incisões dentro da boca. Ela não deixa cicatrizes visíveis no exterior da garganta ou do pescoço, representando uma opção estética superior para pacientes preocupados com a aparência das cicatrizes.
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Localização da Cicatriz: Dentro da boca, não visível externamente.
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Estética: Não há preocupações estéticas visíveis, ideal para quem preza pela estética.
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Risco de Queloides: Inexistente.
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Risco de fibrose: na área operada, recomendável alongamento, massagem e 'tapping' para prevenir e tratar a rigidez tecidual.
Este método minimamente invasivo geralmente permite uma recuperação rápida, mas pode ser mais doloroso no pós-operatório, apresentando-se como uma escolha significativa para casos onde estética e funcionalidade são prioritárias.
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cirurgia por acesso vestibular (os instrumentos são inseridos através dos vestíbulos orais)
Cirurgia por Acesso Oral (por dentro da boca)
A cirurgia por acesso oral, também conhecida como cirurgia transoral, pode ser executada utilizando várias técnicas, incluindo vídeo, laser e as inovadoras abordagens robóticas, como a Transoral Robotic Surgery (TORS). Esta modalidade é amplamente utilizada no tratamento de cânceres de boca, glândulas salivares, amígdalas, e outras condições médicas relacionadas.
O método permite aos cirurgiões executarem procedimentos sem necessidade de cortes externos, minimizando a visibilidade das cicatrizes e oferecendo um tratamento esteticamente menos invasivo.
Cuidados e Técnicas para Melhoria das Cicatrizes Aparentes
Independente da técnica escolhida, o tipo e a visibilidade da cicatriz podem variar significativamente, e existem várias abordagens para o tratamento e melhoria da aparência das cicatrizes:
Cremes, Géis e Curativos de Silicone
Esses produtos são essenciais no cuidado pós-operatório, pois mantêm a área hidratada e protegida, auxiliando na suavização e achatamento das cicatrizes. Curativos de silicone são particularmente eficazes na prevenção de cicatrizes elevadas ou queloides.
Terapia com Laser
Esta técnica avançada é ideal para melhorar a textura e a coloração das cicatrizes, especialmente útil para tratar cicatrizes hipertróficas ou queloides.
Injeções de Corticosteróides
Usadas principalmente para queloides, essas injeções podem diminuir a espessura da cicatriz, melhorando sua textura e aparência.
Terapia com Ultrassom Focado
Utiliza ondas de ultrassom para tratar tecidos cicatriciais profundos, promovendo a regeneração celular e melhorando a elasticidade da pele na área afetada.
Tapping
O uso de bandagem elástica, comumente conhecida como kinesio tape, é uma técnica terapêutica altamente eficaz na prevenção de seromas (acúmulos de fluido que podem ocorrer sob a pele após cirurgias) e na mitigação de fibrose. A bandagem facilita a melhoria da circulação e da drenagem linfática na área afetada, contribuindo para a redução da rigidez e o aprimoramento da textura da pele circunvizinha à cicatriz. Além disso, ela ajuda a criar um ambiente propício para a cura, diminuindo significativamente o risco de complicações pós-operatórias.
Drenagem Linfática
Este método de massagem suave, conhecido como drenagem linfática, é especialmente recomendado em casos onde ocorreu a formação de um seroma após uma cirurgia. A drenagem linfática estimula o sistema linfático, reduzindo o inchaço e melhorando a circulação na área da cicatriz. Isso pode acelerar o processo de cura e melhorar a aparência da cicatriz, além de tratar e prevenir a complicação do seroma.
Proteção Solar
A aplicação de protetor solar com alto fator de proteção é crucial para prevenir o escurecimento da cicatriz, protegendo a pele sensível da hiperpigmentação solar.
Tratamento Cirúrgico para Queloides
Em casos resistentes, a remoção cirúrgica dos queloides pode ser necessária, seguida de cuidados meticulosos com os fios e a técnica usada durante a cirurgia, além da aplicação de corticoides e betaterapia como tratamentos complementares. Essas intervenções são essenciais para minimizar o risco de recorrência dos queloides após a remoção.
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foto de queloide antes do tratamento de remoção
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tratamento cirúrgico para queloide
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após remoção de queloide
Especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço
Se você está considerando realizar uma cirurgia de cabeça e pescoço ou já passou por um procedimento e tem dúvidas sobre o manejo das cicatrizes, é essencial consultar com um médico especialista no assunto.
A Dra. Christiana Vanni está à disposição para avaliar sua situação individualmente e recomendar o melhor tratamento, garantindo não apenas a eficácia médica mas também os melhores resultados estéticos.
Agende sua consulta e tire todas as suas dúvidas sobre cicatrizes e cuidados pós-operatórios.
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Texto escrito por:
Dra. Christiana VanniMédica Especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço
CRM/SP 120.060 - RQE 31.305
A Dra. Christiana Vanni é Médica Cabeça e Pescoço especialista em cirurgia e tratamentos oncológicos pela FMABC, pós graduada em Cirurgia Robótica de Cabeça e Pescoço pelo Hospital Israelita Albert Einstein, possui título de Doutorado pela FMUSP.
Cirurgia Robótica, Reconstrução e Tratamentos Oncológicos
Excelência em diagnósticos e tratamentos precisos, com técnicas cirúrgicas modernas e tecnologia de ponta.
Atendimento particular nos consultórios da Vila Mariana e Itaim Bibi e também na modalidade on-line, para pacientes em todo o Brasil e exterior. Credenciada nos melhores hospitais de São Paulo/SP, com ampla atuação na cidade.
Perfil: Conheça a Dra. Christiana Vanni
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0015992915263064
Doctoralia: https://www.doctoralia.com.br/christiana-vanni
Linkedin:
@drachristianavanni